Poder Judiciário e soberania popular: crítica da justiça Constitucional no Brasil a partir de matrizes do iluminismo

Autores

  • Mário André Machado Cabral

Palavras-chave:

Poder Judiciário, Soberania popular, Justiça constitucional

Resumo

No Brasil, a partir da Constituição Federal de 1988, tem-se construído uma nova ordem político-jurídica. No que se refere ao Poder Judiciário, nota-se, para os fins deste trabalho, um crescente desenvolvimento da força e da atuação do Supremo Tribunal Federal, fenômeno comum a vários dos tribunais de cúpula em diversos países após a Segunda Grande Guerra. O presente estudo objetiva fundamentalmente expor, de modo esquemático, a configuração e a atuação da cúpula do Judiciário no Brasil, para, em seguida, ousar elaborar uma reflexão crítica acerca da relação entre o povo e a justiça constitucional. Para tanto, com o fito de se construir subsídios teóricos para a discussão, intenta-se trazer à baila a contribuição e a atualidade de pensadores do Iluminismo, especialmente John Locke e JeanJacques Rousseau, no que tange à soberania popular e à sobreposição do Poder Legislativo frente aos outros poderes. A metodologia utilizada, pela natureza do  trabalho, é eminentemente a da pesquisa bibliográfica. Tendo como pressuposto a valoração do povo como elemento que concede respaldo para as decisões estatais e para a Constituição, percebe-se que não é adequado, no contexto de um Estado Democrático de Direito, que o Judiciário se assenhore da Constituição, ultrapassando seus deveres de guarda desta.

Biografia do Autor

Mário André Machado Cabral

Graduando em Direito - UFC

Bolsista - FUNCAP 

 

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. Tradução de Iraci D.
Poleti. São Paulo: Boitempo, 2004
BERCOVICI, Gilberto. A constituição dirigente e a crise da teoria
política da constituição. In: SOUZA NETO, Cláudio Pereira de;
BERCOVICI, Gilberto; MORAES FILHO, José Filomeno de; LIMA,
Martonio Mont’Alverne Barreto. Teoria da Constituição: estudos
sobre o lugar da política no direito constitucional. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2003a.
______. A problemática da constituição dirigente: algumas
considerações sobre o caso brasileiro. Revista de Informação
Legislativa, n. 142, abr./jun., p.35-51, 1999.
______. Carl Schmitt, o Estado total e o Guardião da Constituição.
Revista Brasileira de Direito Constitucional, n. 1, jan./jun., p.
195-201, 2003b.
Constituição e estado de exceção permanente: a
atualidade de Weimar. Rio de Janeiro: Azougue, 2004.
______. Desigualdades regionais, Estado e Constituição.
São Paulo: Max Limonad, 2003c.
______. Estado, soberania e projeto nacional de desenvolvimento:
breves indagações sobre a constituição de 1988. Revista LatinoAmericana de Estudos Constitucionais, n. 1, jan./jun., p. 559-
569, 2003d.
______. Soberania e constituição: para uma crítica do
constitucionalismo. São Paulo: Quartier Latin, 2008.
BOBBIO, Norberto. Direito e estado no pensamento de
Emanuel Kant. 3. ed. Tradução de Alfredo Fait. Brasília:
Universidade de Brasília, 1995.
BONAVIDES, Paulo. Ciência política. 10. ed. São Paulo:
Malheiros, 2004.
______. Curso de direito constitucional. 18. ed. São Paulo:
Malheiros, 2006.
______. Do estado liberal ao estado social. 8. ed. São Paulo:
Malheiros 2008.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Constituição dirigente e
vinculação do legislador: contributo para a compreensão das
normas constitucionais programáticas. Coimbra: Coimbra, 1994.
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do
Estado. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
DAU-LIN, Hsü. Mutación de la constitución. Tradução de
Pablo Lucas Verdú e Christian Förster. Oñati: Instituto Vasco de
Administración Pública, 1998.
DINIZ, Marcio Augusto de Vasconcelos. Constituição e
hermenêutica constitucional. 2. ed. Belo Horizonte:
Mandamentos, 2002.
______. Estado social e princípio da solidariedade. Nomos: revista
do curso de mestrado em direito da UFC, v. 26, jan./jun., p. 171-
184, 2007.
______. Modelo constitucional de processo e tutela jurisdicional
efetiva. In: LIMA, Martonio Mont’Alverne Barreto; ALBUQUERQUE,
Paulo Antônio de Menezes. Democracia, Direito e Política:
estudos internacionais em homenagem a Friedrich Müller.
Florianópolis: Conceito Editorial, 2006.
______.Sociedade e estado no pensamento político moderno
e contemporâneo. Fortaleza: Universidade de Fortaleza, 1999.
DEL VECCHIO, Giorgio. Lições de filosofia do direito. 4. ed.
Coimbra: Arménio Amado, 1972, v. I.
JELLINEK, Georg. Reforma y mutación de la constitución.
Madrid: Centro de estudos Constitucionales, 1991.
KANT, Immanuel. A metafísica dos costumes. Tradução de
José Lamego. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2005.
LABAND, Paul. Le droit public de l’empire allemand. Paris : V.
Giard e E. Briere, 1900-1904.
LIMA, Martonio Mont’Alverne Barreto. A democratização das
indicações para o Supremo Tribunal Federal do Brasil. Revista
Latino-Americana de Estudos Constitucionais, n. 1, jan./jun.,
p. 595-606, 2003a.
______. Justiça Constitucional e democracia: perspectivas para o
papel do Poder Judiciário. Revista da Procuradoria-Geral da
República, n. 8, jan./jun., p. 81-101, 1996.
______. Jurisdição Constitucional: um problema da teoria da
democracia política. In: SOUZA NETO, Cláudio Pereira de;
BERCOVICI, Gilberto; MORAES FILHO, José Filomeno de; LIMA,
Martonio Mont’Alverne Barreto. Teoria da Constituição: estudos
sobre o lugar da política no direito constitucional. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2003b.
LOCKE, John. The works of John Locke. 12. ed. London: C.
Balwin, 1824, v. 4.
LOEWENSTEIN, Karl. Teoría de la constitución. 2. ed. Tradução
de Alfredo Gallego Anabitarte. Barcelona: Ariel, 1976.
LOSURDO, Domenico. Democracia ou bonapartismo: triunfo
e decadência do sufrágio universal. Tradução de Luiz Sérgio
Henriques. Rio de Janeiro: UFRJ; São Paulo: UNESP, 2004.
MAUS, Ingeborg. Judiciário como superego da sociedade: o
papel da atividade jurisprudencial na sociedade órfã. Tradução de
Martonio Mont’Alverne Barreto Lima e Paulo Antonio Menezes de
Albuquerque. Novos Estudos CEBRAP, n. 58, nov., p. 183-202,
2000.
______. O direito e a política: teoria da democracia. Tradução:
Elisete Antoniuk e Martonio Mont’Alverne Barreto Lima. Belo
Horizonte: Del Rey, 2009.
MENDES, Conrado Hübner. Controle de constitucionalidade
e democracia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
NEVES, Marcelo. Constitucionalização simbólica e
desconstitucionalização fática: mudança simbólica da constituição
e permanência das estruturas reais de poder. RTDP, n. 12, p. 156-
167, 1995.
______. Teoria da inconstitucionalidade das leis. São Paulo:
1988.
OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. Ética e sociabilidade. São
Paulo: Loyola, 1993.
POLIN, Raymond. Les relations du peuple avec ceux qui Le
governent d’après Kant. In: WEIL, Eric et al. La philosophie
politique de Kant. Paris: Universitaires de France, 1962.
PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcante. Defesa, guarda e
rigidez das constituições. RDA, v.5, p. 1-25, 1946.
ROCHA, José de Albuquerque. Estudos sobre o Poder
Judiciário. São Paulo: Malheiros, 1995.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Du contrat social. Aubier:
Montaigne, 1943.
SALDANHA, Nelson. Formação da teoria constitucional. Rio
de Janeiro: Forense, 1982.
SALGADO, Joaquim Carlos. A idéia de justiça em Kant: seu
fundamento na liberdade e na igualdade. Belo Horizonte: UFMG,
1986.
______. Apresentação: Carl Schmitt e o Estado Democrático de
Direito. In: SCHMITT, Carl. Legalidade e legitimidade. Tradução
de Tito Lívio Cruz Romão. Belo Horizonte: Del Rey, 2007, p. viixxx.
______. O estado ético e o estado poiético. Revista do Tribunal
de Contas do Estado de Minas Gerais, v. 27, n. 2, abr./jun.,
1998.
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais.
9. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008.
______.Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais
na Constituição Federal de 1988. 5. ed. Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 2007.
SCHMITT, Carl. Teologia política. Tradução de Elisete Antoniuk.
Belo Horizonte: Del Rey, 2006.

Publicado

2009-12-02